Quando, pela
primeira vez, sentei-me numa carteira escolar, nunca mais me apartei dos
estudos e da busca incansável pelo desconhecido. O meu comportamento inquieto,
foi sempre o diferencial entre eu e os colegas de carteira, do tempo em elas
eram duplas. Não é exagero dizer, que sempre sentei na primeira fileira, para
estar bem próximo do mestre e dele, degustar de todo seu conhecimento. Locupletar
de toda sua sabedoria e experiência de vida.
Essa ânsia pela cultura, tem-me
custado horas de sofrimento e de depressão. Tenho me preocupado em demasia com
a transitoriedade da vida e com a mudança de comportamento dos seres racionais,
que infestam esse planeta. A terra agoniza e pede socorro, mas ninguém vê isso.
A ganância desenfreada é um vírus letal, que infecta a alma humana e arrasta o
corpo para o desterro do desconhecido.
Esse vírus assexuado migrou para
vários segmentos da sociedade e, através das artérias desprotegidas (ética e
moral), infectou o corpo inteiro (país). Uma vez alastrada a doença, pouco há
que se fazer. Os cientistas e médicos (políticos) buscam remédios paliativos, o
que de nada adianta. Apenas maquiam a realidade e enganam os pacientes (povo)
terminais.
Na infância, aprendi que o mal se
mata pela raiz. Ou ainda, que o tronco da árvore se conserta ainda novo, pois,
depois de velho, não tem mais jeito. O vírus enraizado no homicídio, tráfico,
roubo, furto, estupro, corrupção, lixo musical, prostituição eletrônica,
apologia ao crime, dentre tantos outros males modernos, deveria ser extirpado
em seu nascedouro. No entanto, sob o manto da tal democracia e do famigerado
“direitos humanos”, fizeram-se vista grossa a essa doença devastadora.
Há muitos anos, a realidade nua e
crua, vem apontando as falhas no tratamento dos sintomas iniciais da doença
chamada violência. Medidas ineficazes e remédios falsos colaboraram sobremaneira
para que a infecção transformasse numa septicemia aguda, comprometendo todo o
corpo (sociedade), da cabeça (norte) aos pés (sul). O médico (governo) tinha
nas mãos o bisturi (solução) para cortar na carne, os males futuros. Não o fez
por incompetência ou por interesses eleitorais.
Agora que o corpo está em coma
profundo, surgem medidas drásticas como que querendo salvar o que perdido está.
E eu fico aqui de mãos atadas, engolindo seco o que a mídia manipuladora tenta
dizer o que é certo. Vejo a sociedade seguindo por caminhos tortuosos, feito
gado rumo ao matadouro. Por onde anda a esperança de dias melhores? A juventude
dos “caras pintadas” está escondida no ostracismo e, por isso, prefere calar-se.
Quando meus pais levaram-me para a
escola, a fim de cumprirem o dever social da minha alfabetização, não
imaginaram que me transformaria num cronista ou um contador de história. Bendita
a hora que eu manuseei, pela primeira vez, a cartilha “Caminho Suave”. Ela foi
a porta aberta para o conhecimento e os questionamentos das injustiças sociais.
O gosto pela leitura fez de mim um devorador de livros e, por conseguinte, um
pesquisador do desconhecido.
Quanto à metástase, mencionada
pelo governante maior, durante uma entrevista jornalística, resta apenas rogar
a Deus por um milagre divino, a fim de curar o corpo doente.
Peruíbe SP, 25
de fevereiro de 2018.