Nada mais justo
e, também, mais cruel do que o tempo. Desde a tenra idade, tenho ouvido frases
como: “Tudo no seu tempo, pois o tempo
resolve tudo” ou “Tudo se corrói com
o tempo”. A vida efêmera tornou-me uma pessoa cautelosa com relação aos
conceitos e preconceitos, que adquirimos durante nossa estadia nesse planeta
repleto de enigmas. Preocupa-me em demasia, sabermos que estamos aqui de
passagem e que tudo não passa de quimera.
Nas minhas dissertações literárias
e nas divagações filosóficas, sempre fui transparente sobre a transitoriedade
da vida. Há os que se vangloriam da beleza física ou dos saldos bancários, como
se tudo fosse eterno. Para mim, nada é eterno, nem mesmo a própria eternidade.
Ao compreender a fragilidade da nossa existência, passei a aceitar com
naturalidade os desígnios do Criador.
Diante disso, revolta-me ver toda
cena desumana, representada pela violência desenfreada, quer seja contra
pessoas, animais ou a natureza. O desrespeito aos idosos e a exploração de
menores, a inversão de valores éticos e morais, o enriquecimento ilícito à
custa da miséria do povo, a incitação ao crime e ao sexo liberal, dentre outras
coisas, traduzem a degradação humana. Estamos à beira do abismo da derrocada existencial.
O mundo grita desesperado, em busca de salvação.
O que se espera de uma geração
criado no berço do desamor, do desrespeito e da ausência de moral? Uma
juventude que cultua a apologia ao crime e ao sexo livre, não está apta a
governar o mundo. A religião que faz da fé um balcão de negócios e a política
fertilizada pelo esterco da corrupção transformam uma nação num esgoto de
sujeira a céu aberto. Um sistema de ensino que deseduca os embriões de uma
sociedade futura, muito me preocupa e me causa agonia. Mulheres que expõem e
oferecem o corpo à melhor oferta financeira. Não vejo com bons olhos, o amanhã
que desponta além do horizonte.
Moro num reino, denominado “Reino
Caiçara”. Digo que para conhecer o mundo, não precisa sair de casa, pois a sua
casa é uma réplica do mundo. Da janela do meu reino, contemplo todos os reinos
distantes, aqui e além mar. Os flagelos do meu reino são os mesmos de todos os outros
reinos. Padecemos de todos os pecados, angústias, revoltas, desejos de
prosperidades e de justiça social. Como em todos os outros reinos, gritamos por
toda sorte de melhorias. Desenhamos um castelo de sonhos!
Por mais que eu me embriago com o
cálice de otimismo, não consigo acordar sem a ressaca da decepção, gerada pelo
abandono dos governantes contra os seus governados. Triste saber que a miséria
de muitos, acabam beneficiando os poucos (mandatários), donos do poder
econômico. É assim desde o início da humanidade, desde os primórdios tempos da
criação. A ganância levou a um confronto entre os irmãos Caim e Abel. Hoje, a
corrupção é a versão moderna dos confrontos bíblicos, que levam as pessoas a se
digladiarem entre si.
Estamos vivendo um tempo, em que o
corpo chamado sociedade, está carcomido pelos males de uma moral desajustada, a
qual navega a deriva num mar de lama. Assim sendo, o corpo carcomido vai se
desfazendo aos poucos, até desaparecer, sem deixar rastro e, muito menos
saudade.
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