terça-feira, 21 de novembro de 2017

CRIME DE LESA-PÁTRIA


                                    Não gosto de me gamba, ou melhor, de me gabar. De vez em quando, adoro receber um elogio. Quando vem do fundo do coração, tem um sabor especial. O elogio é filho primogênito de gratidão. Ele nos estimula a continuar na luta daquilo que almejamos. Só não aprecio, quando vem banhado de falsidade. Não tem valia e nada acrescenta no meu desenvolvimento espiritual.

                                   Ultimamente, tenho observado que o monarca do “Reino Caiçara” tem sido coroado com toda sorte de elogio por parte dos súditos e, em especial, dos tabloides e de alguns blogueiros. É certo que, desde que ascendeu ao trono, ele tem se esforçado para melhorar a infraestrutura e a imagem do reino. Sejamos justo, se compararmos com as administrações anteriores, houve uma acentuada melhora.

                                   Embelezar as ruas das províncias, para encantar os olhos dos visitantes, pode fazer parte da mudança, mas não é tudo. É gritante atender outras necessidades urgentes, tais como, saúde, educação, habitação, segurança, meio ambiente, turismo, agricultura, etc. e tal. É preciso ter olhar de lince, para detectar os desejos do povo. Por isso, os ministros e os membros do primeiro escalão, devem ser escolhidos a dedo pelo rei.

                                   Tenho notado que após a posse, o rei trouxe consigo, alguns vícios pecaminosos e abomináveis de seus antecessores. Sobre isso, já tenho dissertado em algumas peças de arquitetura anterior. Vossa Majestade começa a sentir o sabor adocicado que vem dos lábios de bajuladores e de crápulas, travestidos de benfeitores. Até hoje, o monarca não recebeu, na sala do trono, este súdito, para uma conversa informal, fora da agenda, como acontece em outros reinos.

                                   Mas o que me chama a atenção é o fato de o Rei Fabrício divulgar, através da imprensa marrom, que foi de pinico na mão, pedir dinheiro para outros reis. Disse que o dinheiro era para investir na infraestrutura das províncias. Não seria mais fácil ele recorrer a Suprema Corte, a fim de processar os ladrões dos reinos anteriores? Além de levá-los aos cárceres da masmorra, também repatriar todas as patacas surrupiadas dos cofres públicos.

                                   O Primeiro Ministro, do governo daquela rainha insana e incompetente, desfila garbosamente por ai, ostentando o luxo e rindo do povo, como se nada tivesse acontecido. Outro dia, encontrei um ex-candidato ao reino, nascido na Província do Caraguava, o qual se portava como um vassalo comum entre o povo. Lembro-me que, quando ele postulava a coroa, juntou-se à pior corja da sociedade caiçarense. Mafiosos, policiais corruptos e comerciantes desonestos, faziam parte da trupe, por ele comandada. 

                                   Não adianta buscarmos alento no Parlamento (Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns), porque está infectada pelo vírus da desonestidade e acometida de uma doença endêmica, chamada corrupção. E ficamos nós aqui, peça de manobra, lamentando pelos cantos da vida, a falta de justiça. Há comentários pelas ruas e pelos becos das províncias, que, a qualquer momento, o exército real, tomará o poder e colocará a monarquia no eixo. Já há um clamor público, porque ninguém aguenta mais tanto desmando.

                                   Vossa Majestade, o Rei Fabrício, deve urgentemente ajuizar uma ação civil pública contra todos aqueles que surrupiaram os cofres públicos, deixando o povo jogado ao revel da sorte e naufragado no lodo da miséria. Por ser um nobre causídico, o Monarca sabe que todos eles cometeram o “Crime de Lesa-Pátria”. Eles devem ser julgados em praça pública e antes de subirem ao cadafalso, a fim de serem guilhotinados, devolverem o que da nação, fora tirado.

                                   Devo apenas lembrar a Vossa Majestade que, não tem por costume, receber pessoa do povo, assim como eu, a seguinte assertiva: “Justiça tardia é justiça nenhuma”.

 
Peruíbe SP, 20 de novembro de 2017

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