sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

MONARQUIA ABSOLUTA E TOTALITARIA

                 Ando meio decepcionado com a nova monarquia, que tomou posse no meu país. Não quero sentir saudade da monarquia anterior e nem piedade da monarca destituída por vontade popular. Até porque, como plebeu, sou obrigado a aceitar as mudanças e a vontade da maioria dos súditos. Claro que tenho lá minhas reservas a respeito da sabedoria do povo, pois nem sempre isso é verdade. Muitos fazem a escolha, baseadas em falsas promessas, compras de opiniões (votos); outros, simplesmente, por acharem a monarca linda e simpática.
                        Em que pese à forma, como a monarca ascendeu ao trono, depositamos nela, toda a esperança de um reinado, estribado na competência, honestidade e transparência. Acreditamos que ela escolherá com sabedoria, os seus auxiliares diretos e que nos primeiros dias de reinado, imprima seu estilo de governo. Para que possamos curvar à rainha, em sinal de respeito, é necessário que sintamos nela, firmeza em seus atos, como a mãe protetora de um povo humilde e trabalhador, cumpridor de seus deveres cívicos e sociais.
                        Nesses primeiros dias, tenho visto transitar pelos corredores do palácio, pessoas desqualificadas e mal intencionadas. Isso fez com que eu me decepcionasse ainda mais, pois, desde o inicio, tenho profetizado que as pessoas que a cercavam, não gozavam de apreço da maioria de seus futuros vassalos. O vice-rei, não senta ao lado da monarca e, ao que parece, não tem peso o que ele pensa e o que sonha. Quem manda, é o primeiro ministro, sendo que imprimiu uma verdadeira ditadura aos auxiliares diretos da monarca e, principalmente, aos serviçais do palácio.
                        Não bastasse isso, as perseguições correm frouxas por todo território real. Nem mesmo “Chamego”, o cavalo que conduz a carruagem real, ficou de fora. Só pelo fato de ter dado um trote descompassado, num desfile cívico, foi transferido para uma baia, localizada no condado de Cudumundópolis, que fica para lá de deus-me-livre. As negociatas com empresas privadas e reinos adjacentes e além-mar, tem sido realizadas ao revel da lei e da moralidade. Não quero ser mensageiro do apocalipse, mas que Deus se apiede da rainha e do reino como um todo.
                        Mas eu e todos os súditos, perguntamos: “Por onde anda a Câmara dos Comuns? Por onde se meteu o Parlamento? E a Suprema Corte, dorme?” Pensávamos que seria instituída uma monarquia parlamentarista e democrática. No entanto, o que se vê é uma monarquia totalitária e absoluta. Onde, mais uma vez, o que se domina é a celebre frase: “Aos amigos do rei, tudo; aos inimigos, as penas da lei”. Querem, desde o início, colocar uma mordaça nas instituições e na liberdade de expressão, com ameaças veladas à imprensa. Já pensam em lotear o reino, como se deles fossem.
                        Quando a vi na sacada do palácio real, acenando ao povo, pensei: “Temos uma nova rainha”. O povo a saudava com carinho e respeito. E, por isso, depositava na soberana, esperança de tempos melhores. Não esperava aquela multidão sofrida, que ela se embriagasse com o poder. E, muito menos, que seus auxiliares diretos e indiretos, traíssem a confiança de uma nação pujante e ordeira. Que a coroa, posta em sua cabeça, simbolizasse o poder de acolher os anseios da nação. Jamais o poder de usurpar a inocência e a felicidade de seu povo.  
                        Diante de tudo o que se presencia, isto é, com os desmandos palacianos, representados pela ganância de seus auxiliares diretos e indiretos, nada mais nos resta, senão pedir que Deus tenha piedade de nossas almas. Ao tomar conhecimento de que os membros da corte mandam e desmandam, chegamos a triste conclusão de que a rainha reina, mas não governa.      

Peruíbe SP, 25 de janeiro de 2013