sábado, 29 de outubro de 2011

PARAISO SACROSSANTO

Na paz infinita do quarto, uma mulher nua
E sobre o alvo lençol, ainda em desalinho,
Dormitam todas fantasias e a alma flutua
Livre como o vôo suave de um passarinho.

Ali, naquele paraíso manso e sacrossanto
Revestido de pureza e aroma adocicado,
Dois corpos entrelaçam e se amam tanto
Num cântico de prazer e não de pecado.

O tempo pára e a tarde calma, espera,
Para que eles dancem a valsa sonhada
Porque o amor vive de sonho, quimera
E se deleita no silêncio da madrugada.

No encontro divino de coração, de alma,
Duas vidas se tocam, numa fome voraz.
Essa sede amor, de desejo só acalma
Ao saber que a tristeza ficou para trás.

Peruíbe SP, 29 de outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AMOR NÃO TEM PRESSA

O amor não tem pressa, espera
Feliz e calmo, o beijo tão distante
Ele vive de sonhos e de quimeras
A nada se prende, é um retirante.

O amor dorme na paz do silêncio
Pois nada deseja, deste mundo,
Senão a caricia suave do vento,
A tocar seu corpo quieto, mudo.

O amor sabe ser muito paciente
Porque ele é belo, doce e divino
Ele tem a dimensão do presente
Escondido num verso, num hino.

O amor se embriaga e se delicia
De um olhar, uma carícia, toque
Sem isso ele jamais sobreviveria
É de amor que o amor se move.

O amor se cala, diante da amada
E se expressa apenas pelo olhar.
Percorre assim a noite enluarada
Como o rio em busca do mar!!!

Peruibe SP, 10 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

TREM DESGOVERNADO

Que sentimento é esse
Feito trem desgovernado
Descendo ladeira abaixo
Perdido na ribanceira
Sem eira nem beira.
Embarcado vai o coração
Num vagão tão solitário
Em busca do precipício
Como se lá bem no fundo
Encontrasse o amor.
Entre vales e campinas
Deslizando pelos trilhos
Vai escrevendo hinos
De tamanha poesia,
Que paralisa o tempo.
Cada longínqua estação
Durante a breve parada
O maquinista do desejo
Piso no freio do futuro
E espera pela amada.
Mas se a vida tem pressa
O trem não tem não
Porque em cada vagão
Há um coração de menino
Que sonha ser feliz.
Peruibe SP, 10 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

FUGA E DESEJO

Por que de mim, amor, foge tanto
Quebra esse medo, esse encanto.
Grita ao mundo, assim feito louca
Até perder o juízo, ficar tão rouca.

Faz manha, esperneia, esbraveja
Tome vinho, wisky, coca e cerveja
Liberta esse desejo que te espanta,
Diz que ama, é louca, bela e santa.

Guarda neste teu corpo o fino mel
De onde busco alento e a energia
Para que de tristeza o menestrel
Não pereça jamais ao cair do dia.

O belo segredo que guarda em ti
De todas as jóias é mais preciosa
E tem a formosura que nunca vi
A flor mais bela e a mais vaidosa

Este sentimento que te encarcera
Leva-te à nuvem e outra quimera
Faz de ti a mais bela e doce rainha
Mulher sedutora e amada minha!

Peruibe SP, 09 de outubro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

A DOR DO POETA

O poeta que não sonha, não é poeta
É barco triste, sem rumo e à deriva.
Um ser trôpego, calado e sem meta
Nada sabe do mundo e nada da vida

Vê além de seus olhos e de sua era
Sofre quieto e nas suas árduas lidas
Não tem vaidade, pois nada espera
E se alimenta de versos e de rimas.

O poeta embriaga de doces utopias
Como se morrer do mesmo veneno
Imortalizasse-o em lindas fantasias
Desejos do seu coração pequeno.

Traduz as alegrias, velhas penúrias
Esculpidas em estrofes tão divinas
Envoltas de beleza, tantas luxurias
Meu Deus, assim será a sua sina!!!

Peruíbe SP, 08 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

AMOR MISTERIOSO

Que amor é esse, que tanto maltrata
Que se esconde dentro do meu peito
Como faz a lua tão bela, cor de prata
Ao ver o dia acordando, no seu leito.

Esse amor tem lá os mistérios seus,
Que eu queria compreender um dia
E como pode fazer-me escravo seu,
Sem perceber minha dor e agonia?

Mas se eu sofro quieto e tão calado
No silêncio do meu mundo interior
É por que sei que sou muito amado
Por uma princesa, uma rosa em flor.

E se eu me perder de tanto desejo
No leito do amor belo, envolvente
Hei de saciar-me na fonte do beijo
A felicidade que busco pra sempre

Peruibe SP, 05 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O REMEDIO E A CURA

Preciso de um remédio forte
Para curar todos meus males
E que me deixam sem norte,
Naufrago de remotos mares.

Preciso de médico cauteloso
Que conheça da alma minha
E que receite como repouso
Aconchego da doce caminha

E se eu tiver que tomar algo,
Que sejam em gotas de afeto
Senão morro,sofro, engasgo
Entre uma estrofe, um verso

Preciso de repouso absoluto
Para que seja perfeita a cura
E que na paz do meu reduto
Haja a felicidade que procura

Peruibe SP, 02 de outubro de 2011