sexta-feira, 26 de abril de 2024

O DESATINO

 

Adão de Souza Ribeiro

Perdoa-me, minha amada

Se eu lhe desejei um dia.

Foi o momento de agonia,

De uma triste madrugada.

 

Estava só e sem ninguém,                            

Desejava o calor feminino

Meu coração em desatino

Eu acho que não convém.

 

Mulher, de mim não caçoa

Se aqui de tristeza eu choro

Sou como o pássaro canoro

Que sai a vagar por aí à toa.

 

Querer jamais foi um erro

Beijá-la é desejo da carne.

Sou escravo deste charme

Vê que eu não sou de ferro.

 

Eu a desejo desde pequena

Da cidade bela da infância

O tempo se vai à distância

Não maltrata esse mecenas.

 

Peruíbe SP, 26 de abril de 2024.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

SEU NINHO

 

Adão de Souza Ribeiro

Você veio de mansinho,

Sem ao menos me avisar.

Fez do coração um ninho

Abrigou na noite de luar.

 

Disse queria aconchego,

Um corpo para aquecer.

E que partiria bem cedo

Antes do dia alvorecer.

 

Senti que estava carente

E precisava de proteção

Vi as lágrimas torrentes

Banharem seu coração.

 

Apertei nos meus braços

Cantei canções de ninar.

Fiz do leito o seu regaço

Onde ali pudesse sonhar.

 

De repente lá veio o dia

Você ficou bem quieta,

Tornou a minha alegria

Felicidade é completa!!

 

Peruíbe SP, 25 de abril de 2024.

 

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

A NOITE INESQUECÍVEL

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                              Aquela noite era para ser como todas as outras, mas não foi. Algo surpreendente iria acontecer, que quebraria as regras e comoveria a todos e, em especial, ao jovem Marcelo.  Ele não estava preparado para tamanha surpresa. Certo é que sua vida cotidiana mudaria para sempre. Até hoje, ele lembra daquela noite tão marcante na sua história.

                        Quando a coisa tem que  acontecer, o mundo inteiro conspira em seu favor. A cena se passou no baile, que ocorreu na Fazenda Sabiá. Poderia ter sido em outro lugar, mas foi ali. Engraçado que, a princípio, recusara o convite dos amigos para participar. Mas diante de tanta insistência, acabou aceitando.

                        Todos finais de semana, a sede da fazenda se vestia de alegria. O barracão era decorado; o bar abastecido de diversas bebidas; o palco organizado com uma banda, composta por músicos da redondeza, onde, variados ritmos de música eram executados. O baile iniciava às 22:00 horas do sábado e se estendia até altas horas da madrugada do domingo.

                        Ali se reunia os jovens da Terrinha e das cidades vizinhas, bem como, de outros sítios e fazendas. Naquele tempo, os frequentadores não portavam armas de fogo ou brancas. Na realidade, quando surgia uma confusão em razão da bebedeira, a turma do deixa disso, resolvia a contenda e a alegria continuava em paz.

                        As damas vestiam a melhor roupa, faziam um peteado maravilhoso e caprichavam na maquiagem e no perfume. Alguns cavalheiros vestiam calça boca de sino; calçavam botas; colocavam chapéu aba larga e cinturão de cowboy. Eles chegavam ali a cavalo, charrete ou em carroceria de caminhão. Para eles, tudo era alegria e descontração.

                        Durante o baile, regado com muita música, bebida e dança, os varões procuravam fisgar uma fêmea, com um olhar ou uma conversa sedutora. A princípio, elas se faziam de difícil, para valorizar o passe. Mas quando a química batia, a noite ganhava o ritmo diferente. As fêmeas usavam todo charme e com jeito sedutor, procuravam atrair os machos, com o hormônio à flor da pele.

                        De repente, por força do destino, Marcelo notou que uma mocinha muito tímida, estava no canto do salão. Ele a fitou com olhar sedutor e ela, bem discreta, correspondeu ao olhar. O varão percebeu que ela se diferenciava das demais. A mocinha tinha uma beleza tão pura, que o atraiu no primeiro olhar. Ainda bem que nenhum gavião a tinha notado.

                        Ele se aproximou daquela beldade e confabulou uma conversa. Ela disse chamar-se Mariana e foi convidada para dançar. Enquanto bailavam, foram se conhecendo. Marcelo sentiu aquele corpo sensual nos seus braços. Ao término da música, sentaram-se à mesa, onde, enquanto degustavam a bebida, trocaram telefones e marcaram um encontro para o decorrer da semana. Ela morava naquela fazenda, onde seu pai era administrador.

                        Outros encontros sucederam e evoluíram para namoro, noivado e casamento. Hoje, passados tanto tempo, o casal recorda-se daquela noite inesquecível, onde um olhar descontraído deu início a tudo e, em especial, o amor. Mariana continua tímida, humilde e bela. “Bendita seja aquela hora, que aceitei o convite de ir ao baile!”, Marcelo saudoso pensou. O destino, se assim pode ser chamado, havia preparado Mariana para ser esposa e mãe dos seus filhos.

                        Quando ela quer, ninguém segura. Ninguém segura essa mulher, quando ela quer.” – da música Quando ela quer, da dupla sertaneja Gino e Geno. O que ora se narra, demonstra que a música estava com razão. Quando há sintonia entre dois corações e a química mexe com os hormônios, o destino se encarrega do resto. 

                        Toda vez que se lembra dos bailes na fazenda, Marcelo reporta à Terrinha, onde a vida preparou os melhores momentos. Ouça o que o coração diz e não recusa a voz do destino!

                        E o coração dançou!

 

Peruíbe SP, 23 de abril de 2024.

domingo, 21 de abril de 2024

SONHAR CONTIGO

 

Adão de Souza Ribeiro

No meu sonho tu brincas

Passeias na imaginação.

Ainda pensas no coração

O jovem antes dos trinta?

 

 Acordo feliz de manhã,

Por estar comigo a noite.

Teu rosto veste de louçã.

Teu olhar é como açoite.

 

Me embriago diante de ti.

E perco a noção do tempo.

Eu sinto calor e um frenesi

Noite vai, nem me lembro.

 

É tão bom sonhar contigo,

Vejo que a noite não passa

No teu corpo busco abrigo

Pois a vida tem mais graça.

 

Venhas me visitar sempre                            

Nos meus sonhos divinais

Com teu corpo tão quente,

Oh, não me deixes jamais!

 

Peruíbe SP, 21 de abril de 2024.

 

sábado, 20 de abril de 2024

A VISITA ILUSTE

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Aquela manhã começara diferente das outras na sagrada Terrinha. O caminhar tranquilo das pessoas e a natureza bucólica, deram lugar a uma agitação, que nunca se viu igual. O espaço aéreo fora fechado e nas entradas da cidade, haviam fortes barreiras, formadas pela tropa de soldados das Forças Armadas. “ Meu Deus, o que houve? Será que vão invadir este lugar sacrossanto? ”, pensou o pobre Hermenegildo.

                        E foi então que, num repente, ele se lembrou que o Presidente da República era filho do lugarejo. Por motivo de segurança, a visita foi surpresa e não houve os preparativos e as varreduras de praxe, feitas pelo Serviço de Secreto e de Inteligência. Eduardo, o mandatário da Nação, determinou que a estadia deveria ser a mais discreta possível, isto é, sem alarde e divulgação pela imprensa.

                        Eduardo estava cansado das obrigações palacianas e das pressões políticas, que o cargo tanto exige. Embora tivesse todas as regalias, isto é, o luxo palaciano, carros blindados e aviões, jantares suntuosos, ele sentia falta da simplicidade do seu povo, principalmente, da sinceridade dos amigos de infância. O Lago Paranoá, jamais substituirá a “Lago do Hermininho”.

                        Naquele dia, nenhum estranho transitava pelas ruas, somente os moradores e amigos de Eduardo. Seu Serafim, fazendeiro abastado, preparou um churrasco, regado com cerveja e muita fartura. Um grupo de violeiros, brindou o encontro com música sertaneja, do gosto do visitante. Ele, o Eduardo, de um jeito descontraído, conversava e ria muito, com as piadas dos amigos.

                        Depois da calorosa recepção, na chácara de Serafim, o Presidente caminhou pelas ruas, onde, na infância, vivenciou os melhores momentos da vida. Ele foi no “Bar do Toshio”, na “Quitanda do Josias”, no grupo escolar, no ginásio estadual, no velho matadouro, na Igreja Matriz e em tantos outros lugares. Ao passar defronte a casa, onde nasceu e morou, ficou emocionado.

                        Ao encontrar com velhos amigos, recordou-se de histórias que, até hoje, estão guardadas no coração. Enquanto caminhava, as pessoas o tratava naturalmente como filho da terra e não com o puxa-saquismo em razão do cargo. Os políticos do lugarejo, inimigos entre si, em razão da agremiação partidária, dispensaram as rivalidades e se estribaram no comportamento de Eduardo.

                        Ele passou a primeira noite na casa do tio, que morava perto do ginásio. O quarteirão, onde localizava a casa, estava cercado pelo corpo de segurança. Embora ele houvesse dispensado tamanha mordomia, aquilo fazia parte do protocolo presidencial. O alcaide orientou os assessores, que não abordassem o visitante com assuntos políticos, como, por exemplo, solicitando verbas de benfeitorias para a cidade.

                        Lá na Capital Federal, quiseram saber do paradeiro de Eduardo, porém, Carlos – o Vice-Presidente, encarregou-se de manter sigilo da viagem do titular. No dia seguinte, ainda na Terrinha, ele reuniu-se com quatro velhos amigos de infância e foi pescar no Rio Feio. Tudo aquilo era uma higiene mental, isto é, ficar longe daqueles que só o procuravam para satisfazer os interesses pessoais. Coisas de político e empresário mal caráter.

                        A cidade sentia-se feliz em ser o berço daquele filho ilustre. Foi ali que ele moldou o caráter de homem honesto; sincero; de moral, ética e bons costumes. Com aqueles princípios, ensinados pelos pais, professores e cidadãos exemplares, estava conduzindo com altivez os destinos da Nação e servindo de exemplo ao mundo. Seu perfil lembrava Robispierre, ”o incorruptível”, de nome Maximilien François Marie Isidore de Robispierre (França 1758 a 1794).

                         Na Terrinha foi que aprendeu defender a fauna e a flora, respeitar e cuidar dos idosos, bem como, das crianças. Há tempos que não visitava a terra natal e não revia velhos amigos. Ele deixou a cidade, em busca de tempos melhores, mas a cidade nunca o deixou. Sempre que se referia ao lugar e as pessoas, fazia com orgulho. Quando deixasse o cargo, voltaria aos braços das pessoas amadas.

                        Ao término da estadia, embarcou no helicóptero oficial, que estava taxiado no campo de futebol. Por muito tempo, as pessoas vão se lembrar daqueles dias memoráveis.

                        Um dia, vão lembrar do conterrâneo, que voou alto, mas jamais perdeu a humildade!

 

Peruíbe SP, 20 de abril de 2024.

 

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sexta-feira, 19 de abril de 2024

DEUSA AFRODITE

 

Adão de Souza Ribeiro

Tu és uma deusa grega,

De todas és a mais pura

Bailar como borboleta,

Só me faz ir a loucura.

 

Amar é um doce mito,

Que o coração se ilude

Ele sofre e no seu grito

No sofrimento tão rude.

 

Tu és a deusa sertaneja

Que habitas na mente.

E que o coração deseja

Neste desejo inocente.

 

Tu és a deusa Afrodite

Mulher mais completa.

Quem foi que te disse,

Que não é a predileta?

 

Mulher tu és a ilusão,

Reina dentro de mim.

Alegra meu coração,

A felicidade sem fim.

 

Peruíbe SP, 19 de abril de 2024.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

A CINDERELA

 

Adão de Souza Ribeiro

Mulher não havia mais bela

Lá na banda do meu sertão.

Fitava os lindos olhos dela,

Como quem vê a imensidão.

 

Sou simples e sou caipira,

Mas de beleza eu entendo.

Tempo passa o mundo gira

O amor me serve de alento.

 

É cinderela aquela menina,

E só ela sabe me fazer feliz.

Quando choro só ela anima

Diante dela sou só aprendiz.

 

Mulher, o corpo de violino

E que deseja o meu abraço.

Ela sabe conduzir o destino

O amor me perco, me acho.

 

Mas quando a amada quer,

No mundo, ninguém segura

E o querer daquela mulher,

Embriaga com sua ternura.

 

Peruíbe SP, 17 de abril de 2024.